Arrebatamento é um conceito e termo escatológico cristão utilizado por alguns cristãos, de várias confissões/denominações/ministérios, referindo-se — para os que o concebem — ao biblicamente anunciado evento inicial do Fim dos Tempos, no qual seguidores de Cristo, os então vivos e os já mortos "subirão para o céu ao encontro do Senhor Jesus Cristo nos ares" [serão arrebatados...]. Anunciam como base bíblica as passagens contidas em Daniel 9:27[1], Mateus 24:37-42; 25:14-23[2][3], Lucas 19:2-20[4], Romanos 14:10[5], 1 Coríntios 3:11-15[6], 2 Coríntios 5:10[7], 1 Tessalonicenses 4:14-17[8], Hebreus 9:28[9], Apocalipse 1:7; 13:15[10][11].[12][13]). Alguns cristãos creem que o evento é anunciado por Paulo Apóstolo em 1 Tessalonicenses 4:17, na qual ele usa o termo grego coiné ἁρπάζω (transliterado neolatino harpazo), que, via latim raptus, tem significado de "captura", "rapto", "sequestro", "tomada à distância" (ou, ainda, "arrebatamento"). Outros, porém, divergem desse entendimento e, com as mesmas bases bíblicas, apontam outras interpretações. Não há, portanto, entendimento único e pacificado.
Considerados, como adiante se expõem, eventos no devir bíblico compondo um conjunto harmônico e hermeneuticamente consistente, ainda assim, alguns questionamentos de ordem geral colocam-se e podem, de modo sumarizado, ser assim expressos:
- Os eventos estão corretos, vale dizer, são precisamente aqueles descritos, ou serão doutra forma?
- Haverá um arrebatamento da igreja de Cristo, como quer que seja?
- Se houver o arrebatamento citado, será ele "antes da", "durante a", ou "após a" "Grande Tribulação"?
- Haverá, de fato, uma "Grande Tribulação? Ou ela já aconteceu?
- Haverá uma batalha armada entre as forças do Bem e as do Mal no Vale de Armagedom?
- Haverá um Reino Milenar de Cristo na Terra?
- Se houver o Reino Milenar de Cristo na Terra, após ele o que virá?
Apesar de ter sido utilizado de forma diferente no passado, o termo é frequentemente utilizado por certos crentes para distinguir esse evento em particular da Segunda Vinda de Jesus Cristo à Terra, em si, conforme expressa no Evangelho de Mateus, Primeira Carta aos Coríntios, na Segunda Carta aos Tessalonicenses e no Apocalipse, geralmente, definindo-o como que "evento precedente à Grande Tribulação, iniciando, pois, a primeira fase da Segunda vinda de Jesus Cristo e seguido pelo Reino Milenar de Cristo.[14] Aqueles que assim creem são, por vezes, chamados cristãos dispensacionalistas premilenaristas, mas, mesmo entre eles, há diferentes pontos de vista sobre o tempo do alegado evento (será "antes da", "durante a", ou "depois da" Grande Tribulação?), incerteza que atinge, em geral, a todas as confissões, denominações ou ministérios cristãos .A escatologia cristã tem seu foco tanto na vida, morte e ressurreição históricas de Jesus Cristo, bem como em seu futuro retorno, ainda que lide com eventos futuros. Eis uma verdade com a qual quase todos os teólogos cristãos (católicos e evangélicos) concordam: Jesus voltará. Os cristãos fundamentam sua esperança nesta promessa, que foi claramente firmada por Cristo. Com efeito, tanto no sermão profético dos tempos do fim (Mt 24:27-31), como nas parábolas dos dois servos (Mt 24:45-51), na das dez virgens (Mt 25:1-13) e na dos talentos (Mt 25:14-30), Jesus assegurou que voltaria. Em Suas (de Jesus) próprias palavras, Ele virá sobre as nuvens (Mt 26:64; Ap 1:7), à vista de todos (Mt 24:30), chegará ao mesmo lugar do qual partiu (Zc 14:4; At 1:11) e "em um momento que apenas o Pai conhece" (Mc 13:32). Embora os estudiosos normalmente concordem que Jesus voltará, existem diferentes opiniões sobre os detalhes das circunstâncias que levarão ou se seguirão ao retorno de Cristo. Estas diferentes opiniões estão relacionadas à sequência dos eventos do fim, à Grande Tribulação, ao Milênio e ao futuro de Israel"[15]. Esses pontos não receberam um entendimento único, pacificado.
Com efeito, há entendimentos divergentes entre os cristãos de diferentes confissões, denominações ou ministérios cristãos, em relação ao tempo do retorno de Cristo, como: (1) ele ainda acontecerá ou já aconteceu?; (2) se ainda estiver por acontecer, será em uma ou duas etapas ou fases?; (3) se ainda estiver por acontecer, será antes da, durante a, ou depois da Grande Tribulação? (4) qual é o significado de "encontro [com Jesus] nos ares" descrito em 1 Ts 4:17?; (5) E a Grande Tribulação e o Armagedom, em si: como se conciliam com o arrebatamento e o Juízo Final?. Em termos bíblicos, cabe provavelmente bem aqui a admoestação de Jesus aos contemporâneos, conforme expressa em Mt 22:29: "Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus".[16] Muitos cristãos não aceitam o arrebatamento vinculado a pontos de vista teológicos. Embora o termo "arrebatamento" derive do grego coiné ἁρπάζω (Versão dos Setenta ou Septuaginta), transliterado neolatino harpazo, via latim clássico (Vulgata latina) raptus, pelo latim medieval raptura e o francês antigo rapture, todos com o significado de "captura", "rapto", "sequestro", "tomada à distância" (ou "arrebatamento"), muitos cristãos como, por exemplo, Anglicanos , Católicos, Luteranos e Oriental, Ortodoxos, bem como a maioria Calvinistas , em geral, não usam o termo "arrebatamento" como tendo valor teológico, embora creiam no evento em si, principalmente no sentido [genérico] de "os eleitos irem ao encontro com Cristo, no Céu", após sua Segunda Vinda.[17][18][19] Essas denominações, todavia, não creem que um grupo de pessoas venha a ser deixado para trás na Terra pelo período denominado Grande tribulação, com duração de sete anos (dois períodos de tês anos e meio, segundo a Bíblia, logo após os acontecimentos de 1 Ts 4:17)[20].
A teologia e a visão do arrebatamento pré-tribulação, embora seus defensores afirmem estar em 1 Ts 4:17, firmaram-se no século XVII, com os pregadores puritanos Increase e Cotton Mather, e foram, ainda, amplamente popularizados na década de 1830 por John Nelson Darby[21][22] e os Irmãos de Plymouth,[23] e mais nos Estados Unidos pela ampla circulação da Bíblia de Referência Scofield no início do século XX.[24] Alguns, inclusive Grant Jeffrey, dizem que um documento anterior chamado Ephraem ou Pseudo-Ephraem já apoiou um arrebatamento pré-tribulação[25].
A visão "pré-tribulacionista" para o arrebatamento afirma que o Senhor Jesus arrebatará Sua igreja antes da "tribulação de sete anos" (Jo 14:1-3; 1 Ts 4:5). Segundo o pregador estadunidenseTim LaHaye (1926 - 2016), aqueles que "interpretam a Bíblia literalmente encontram fortes razões para crer que o arrebatamento será pré-tribulacional". Ele ainda assevera que "O ensino a respeito do arrebatamento é uma doutrina fundamental, porém — reforça ele conciliadoramente — o povo de Deus não precisa estar dividido quanto a tal assunto. O importante é que Jesus Cristo voltará para buscar a sua Igreja. Se, ou por nossa pouca dedicação ou por outra qualquer razão, nosso entendimento (o das várias confissões cristãs, ou, mesmo, dos não-cristãos) não tem sido suficiente para conhecer inequivocamente qual é a interpretação acertada, isso passa a ser secundário, quando nos atemos à ordenança essencial do Senhor Jesus em Mt 24:11-14 ("E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim."[26])"[27] Nesse sentido, pois, o essencial e precioso a todo o que almeje ser achado digno da Salvação é a observância da Palavra de Deus em Jesus Cristo (Jo 15",[28] Tg 1:27[29] e Ap 2:10;3:20-22[30][31]).
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